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AS DIMENSÕES DA LEITURA
A leitura: Leitura é aprendizado: a diferença entre ensino e descoberta                 

Parte 2 de 3 ..................................................................................... Página 33 - 35

28) MC, me desculpe, mas esta questão do aprendizado ainda está meio confusa para mim. Você poderia comentar mais à respeito?
Resp.: Sem problemas meu amigo, primeiro você precisa entender que a descoberta está para o ensino assim como o aprendizado sem professor está para o aprendizado com professor. Quero dizer com isso, que nos dois casos, há aprendizado. Seria um erro crasso supor que a descoberta é aprendizado ativo e o ensino é aprendizado passivo. Meu amigo, não existe aprendizado inativo, assim como não há leitura inativa. 
(Página 33, 5º Parágrafo, Linhas 1 - 4)

Acredito que uma maneira melhor de tornar essa distinção mais clara é chamar o ensino de "descoberta com auxílio". (Página 33, 6º Parágrafo, Linhas 1 - 2)

Por exemplo, o médico consegue fazer muita coisa pelo seu paciente, mas, no final das contas, é o próprio paciente quem tem de melhorar, é ele quem tem de crescer em saúde. O fazendeiro por sua vez, consegue fazer muita coisa por sua plantas e animais, mas no final das contas, são eles que têm de crescer em tamanho e excelência. Então, de maneira similar, o professor consegue fazer muita coisa por seus alunos, mas quem tem de aprender são eles. O conhecimento somente irá frutificar na mente deles caso o aprendizado ocorra. (Página 34, Linhas 3 - 9)

29) Humm, acho que estou começando a entender MC, mas você poderia comentar mais à respeito?
Resp.: Não só poderia, como posso e faço com prazer. É importante entender a diferença entre ensino e descoberta, ou entre descoberta com auxílio e descoberta sem auxílio, que reside sobretudo na diferença entre os materiais com os quais o aprendiz opera. O aprendiz quando está sendo ensinado, ou seja, quando está aprendendo com o auxílio de um professor, opera basicamente sobre o que é lhe comunicado. As operações que desempenha tem como base o que lhe é dito ou escrito. Fica evidente a estreita relação entre ler e ouvir. Se ignorássemos as diferenças entre estes dois sentidos e as suas respectivas formas de comunicação, poderíamos dizer que ambos são a mesma arte, a arte de ser ensinado. Porém, se retirarmos a figura do professor, o aprendizado irá ocorrer sobre a natureza ou o mundo, sem o auxílio do discurso. As formas como o aprendizado irá ocorrer nesta condição, constitui a arte da descoberta sem auxílio. 
(Página 34, 1º Parágrafo, Linhas 1 - 11)

30) Caramba MC, quanta informação à ser processada. Falando nisso lembrei de uma coisa, como fica o pensamento nesta história?
Resp.: Olha só meu caro, a julgar pela sua pergunta você está evoluindo, daqui a pouco irás imitar Arquimedes
(*1) e dizer - "Eureka!". Mas vamos à sua pergunta. Veja bem, se o pensamento quer dizer - "usar a mente para adquirir conhecimento ou entendimento", e se ensino e descoberta são as únicas maneiras pra se adquirir conhecimento, concluimos que pensar é algo que sempre acontecerá durante estas duas atividades, afinal, ler, ouvir e investigar exigem a ação do pensamento. (Página 34, 2º Parágrafo, Linhas 1 - 5)

Meu amigo, antes que você faça outra pergunta, preciso acrescentar algo que considero importante para entenderes a lógica do raciocínio que estamos construindo juntos. Muitas pessoas consideram o pensamento como algo mais estreitamente relacionado às atividades de pesquisas do que ao ensino. Isso acontece porque erroneamente supõe que a leitura e a audição são atividades fáceis. 
(Página 35, 1º Parágrafo, Linhas 1 - 3)

31) MC, perdoe minha ignorância, mas não seriam realmente a leitura e a audição atividades fáceis se comparadas com a pesquisa?
Resp.: Veja bem meu amigo, é razoável aceitar como uma verdade, a ideia de que você pensa menos quando lê com o intuito de se informar ou se divertir, do que quando se esforça para descobrir algo, afinal são leituras menos ativas. Porém, isso não é verdade quando se refere a leitura ativa, ou seja, aquela leitura na qual você se esforça para entender. Não conheço ninguém que tenha empreendido esse tipo leitura diria que se trata de uma atividade fácil. E olha, tenho 81 anos de idade, tive contato com pessoas de quase todo o planeta, então digo isto com propriedade. 
(Página 35, 1º Parágrafo, Linhas 3 - 8)


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DICIONÁRIO / PERSONALIDADES:
 (*1) Arquimedes


Fonte:
ADLER, J. Mortimer; DOREN, Van Charles. Como ler livros: O guia clássico para a leitura inteligente. 3. Ed. São Paulo: É Realizações, 1972.

SEBASTIAO
Enviado por SEBASTIAO em 11/09/2021
Alterado em 01/11/2021


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