TINHA UM
AVC
NO MEIO DO CAMINHO
- NO HOSPITAL, A HORA DA VERDADE -
(Parte 1 de 3)
Este capítulo é bem extenso, então resolvi dividir a resenha em três partes.
É incrível como a nossa percepção muda de acordo com a realidade, exatamente o que o autor já ressaltou.
Aqui ele nos dá uma clara comprovação disto, ao enaltecer o céu, as nuvens, as árvores, o vento no rosto .
O que antes passava-lhe muitas vezes despercebido, agora ele ansiava por saborear cada segundo daquela visão e sensação.
Já no ambiente hospitalar, o autor entra numa parte sensível, a perda de sua autonomia, passando a depender dos outros para a sua higiene pessoal.
A cerca de sete anos atrás, estive internado por conta de um enfarte, foram poucos dias no hospital e me foi permetido utilizar o BWC para as necessidades fisiológicas, mesmo assim, consegui a autorização somente depois de muita insistência, pois não conseguia fazer uso da fralda e/ou do papagaio.
Então posso imaginar o sofrimento dos pacientes quando as condições clínicas não lhes permitem sequer a opção de "teimar" diante dos sinais da natureza.
Confesso que o desabafo do escritor tem um efeito devastador, só de imaginar sua luta contra a paralisia física e a depressão, já me faz sentir péssimo.
Somando isto as incertezas do que virá, ou pior ainda, do que não mais virá, temos uma vaga ideia da força mental e espiritual que desesperadamente ele ansiava por abraçar.
Salvador Neto.... Se nunca te disse, te digo agora... você é um Herói! Com "H" maiúsculo, estou orgulhoso de você!
Caramba, o tormento do nosso querido autor parece não ter fim, se não fossem suficientes os desafios físicos e mentais, as companhias de quarto pareciam estar lá para dar aquele empurão, mas infelizmente... precipício abaixo.
Finalmente as notícias parecem estarem melhorando, equipe médica e familiar dando exemplo de como se faz.
Sua esposa Gi Rabello e sua filha demonstraram ter o mesmo espírito heróico, muitos não se dão conta disso, mas uma das coisas mais dificeis é conseguirmos transmitir alegria, esperança e energias positivas, quando na verdade estamos destruídos por dentro, com medo imensurável do amanhã, das perguntas que monopolizam nossos pensamentos - "E se ... isso?" "E se ... aquilo?"
Meninas!! "Gi Rabello e filha", vocês são as Heroínas desta história! Obrigado (de coração) por salvar este meu grande, estimado e querido amigo.
Para aliviar e descontrair um pouco a leitura, não posso deixar passar em branco um dado manifestado pelo escritor, que para quem o conhece de longa data, é uma prova inquestionável de quão mal ele realmente estava.
Me refiro ao seguinte trecho:
"[...] motivavam-me a comer, já que até vontade de comer eu não tinha mais."
Caríssimos leitores, o que irei narrar agora é a mais pura verdade... até que alguém prove contrário.
Salvador Neto, nosso magnífico escritor, na época do ensino médio, no intervalo das aulas, era uma verdadeira ameaça ao correto processo de mastigação e degustação dos lanches alheios.
Isso porque ele devorava o sanduiche dele em poucos segundos, e descaradamente, sem qualquer traço de pudor, passava a "encarar" os nossos, cuja única "salvação contra o Salvador", era engolir numa bocada só, sem chance de mastigação.
Sem mais...