Textos


Catequeses de Santo Tomás de Aquino

Artigo V - Desceu ao inferno, ressuscitou ao terceiro dia

Págs. 57 - 64 

 

RAZÕES

"Há quatro razões por que Cristo desceu ao inferno:

1 - Suportar toda a pena do pecado - [...] Cristo não apenas morreu, mas também desceu ao inferno em sua alma, a fim de suportar toda a pena devida aos pecadores.

2 - Queria ajudar perfeitamente todos os seus amigos - Ele tinha amigos não só no mundo, mas também no inferno.  [...] ora, muitos estavam no inferno que haviam morrido na fé e na caridade, como Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Davi e outros homens justos e perfeitos. E como Cristo havia visitado os seus no mundo e os ajudado com sua morte, também quis visitar seus amigos que estavam no inferno e ajudá-los descendo até eles.

3 - Queria triunfar completamente sobre o diabo - O triunfo é completo quando o vencedor não apenas o vence no campo de batalha, mas também investe contra o inimigo em sua própria casa e lhe tira seu trono e casa.

4 - Liberar os Santos que estavam no inferno - Assim como Cristo quis sofrer a morte para liberar os vivos da morte, também quis descer ao inferno para liberar aqueles que estavam lá.

 

LIÇÕES - I

Podemos tirar disso quatro lições para a nossa instrução:

1 - A firme esperança em Deus - Não importa o quão afligido alguém esteja, sempre deve esperar a ajuda de Deus e confiar nele.

2 - Devemos temer e repelir a presunção - Embora Cristo tenha sofrido pelos pecadores e tenha descido ao inferno, não libertou a todos, mas apenas aqueles que estavam sem pecado mortal.

3 - Devemos estar preocupados - Cristo desceu ao inferno pela nossa salvação, e devemos frequentemente passar por lá preocupados (em nossos pensamentos), considerando as punições do inferno [...].

4 - Dá-nos um exemplo de amor - Cristo desceu ao inferno para liberar os seus, e, portanto, devemos descer lá para ajudar os nossos.


Os que estão no purgatório são ajudados principalmente por três coisas, como diz Agostinho: por missas, orações e esmolas. Gregório acrescenta uma quarta, a saber, o jejum.


Duas coisas deve o homem necessariamente conhecer: a glória de Deus e a punição do inferno.


RESSURREIÇÃO

Muitos ressuscitaram dos mortos, como Lázaro, o filho da viúva e a filha do chefe sa sinagoga. Mas a Ressurreição de Cristo difere da ressurreição destes e de outros em quatro coisas:

1 - Quanto à causa da ressurreição - Porque os outros ressuscitados não ressuscitaram por sua própria virtude, mas pela de Cristo ou pelas orações de um Santo. Cristo, porém, ressuscitou por sua própria virtude, porque não era apenas homem, mas também Deus, e a divindade do Verbo nunca se separou nem da alma nem do corpo, e, portanto, quando quis, o corpo retomou a alma e a alma retomou o corpo.

2 - Há uma diferença em relação à vida para a qual ressuscitou, pois Cristo ressuscitou para a vida gloriosa e incorruptível - Enquanto outros ressuscitara para a mesma vida que tinham antes, como é evidente no caso de Lázaro e de outros.

3 - Há uma diferença em relação ao fruto e eficácia -  Pela virtude da ressureição de Cristo, todos ressuscitarão.

4 - Há uma diferença em relação ao tempo - A ressureição dos outros é adiada até o fim do mundo, exceto para alguns que receberam o privilégio da ressureição antecipada, como a Virgem Maria e, como sê crê piedosamente, São João Evangelista. 


LIÇÕES - II

Podemos tirar disso quatro lições para a nossa instrução:

1 - Devemos nos esforçar para ressuscitar espiritualmente da morte da alma - Na qual incorremos pelo pecado, para a vida da justiça, que é obtida pela penitência.

2 - Devemos nos levantar rapidamente - Porque Cristo ressuscitou no terceiro dia.

3 - Devemos ressuscitar para uma vida incorruptível - Para não morrermos novamente, isto é, com a intenção de não mais pecar.

4 - Que possamos ressuscitar para uma vida nova e gloriosa - A fim de evitarmos tudo o que antes era causa de morte e pecado."

SEBASTIAO
Enviado por SEBASTIAO em 13/01/2024
Alterado em 14/01/2024


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