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UM GAROTO CHAMADO CAIO
          
          Quando ví ele entrando juntamente com os demais bailarinos no palco, um filme passou pela minha mente, voltei no tempo e lá estava o Caio, como sempre todo empolgado, contando que iria fazer os testes para ingresso no Bolshoi.
     Seus olhos brilhavam e sua emoção era vísível, mal sabia ele dos desafios que teria de enfrentar. 
           Mudar seus hábitos alimentares, acordar praticamente de madrugada, ir ao limite de sua resistência física, garantir boas notas na escola, frequentar a escolinha de futebol, ajudar seus pais em casa e ainda encontrar tempo para brincar. 
     Mas o Caio, sendo um menino inteligente, prestativo, educado e persistente, conseguiu encarar e vencer todos estes desafios, afinal tudo dependia exclusivamente dele, e ele não desapontou, mostrou para todos nós como se faz.
         No entanto, havia um desafio ainda a ser enfrentado, e ele era o maior de todos, pois para superá-lo, Caio não dependia exclusivamente do seu talendo, da sua força de vontade e/ou de qualquer uma das suas inúmeras aptidões. 
          Para se confrontar e superar uma força potencialmente destruidora é necessário no mínimo, uma força igualmente revigoradora.
           A força destruidora que me refiro é o preconceito, o ato insano de julgar o valor de um ser humano pela cor de sua pele, pela classe social que pertence, pela forma como se veste, pela religião que segue, enfim, pelo seu aspecto físico e pelas suas escolhas.
          Mas para cuidar de um Ser tão especial como o Caio, Deus enviou duas pessoas igualmente especiais, Simone e José, sua mãe e seu pai.
          E para contra atacar a força destruidora que ameaçava a realização do sonho de seu filho, eles usaram a força mais poderosa que existe neste mundo, o Amor. 
          O amor não se manifesta somente através de gestos de carinho, de bondade, de solidariedade, ele se manifesta também quando por meio dele conseguimos mudar a nós mesmos, rever nossas verdades, nossos valores, nossas certezas. 
          Não me contaram, eu ví uma Simone meiga, educada, sensível, virar uma verdadeira leoa, prestes a atacar qualquer pessoa que ameaçasse com palavras e/ou atitudes a felicidade do seu filho. Eu também ví, ou melhor dizendo, assisti, um José totalmente emocionado e cheio de orgulho diante das câmeras, ao ver seu filho sendo noticiado como um grande exemplo para as crianças, e maior ainda, para os adultos.
          Então, não foi unicamente uma primeira aparição no palco, foi o símbolo da vitória do amor e da união de uma família, que destruiu o preconceito e teve a felicidade de ver seu filho, com todos os méritos, conseguir fazer parte de um grupo seleto, que representa no Brasil a maior escola de balé no mundo, o Bolshoi.
          Com certeza o primeiro de muitos espetáculos de sucesso, na qual sempre fará parte, um garoto chamado Caio.
           

               
 
SEBASTIAO
Enviado por SEBASTIAO em 18/03/2016
Alterado em 11/10/2017


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